domingo, 27 de abril de 2014

Capítulo 31- Vondy ''Meio-Irmãos''



Organizamos as roupas e os sapatos. Logo o domingo chegava ao fim. Fiquei vendo filme e Christopher tocando aquele violão. Não posso negar que ele tem talento.

— Dul vamos criar uma música?

— Eu não tenho talento para essas coisas Chris.

— Af, para de se subestimar. Vamos lá.

— Ah, então você toca e eu canto.

— Ok.

— Mas você compõe também.

— Tudo bem.

Ele começou a tocar qualquer coisa, isso era bem difícil, devíamos ter ficado mais de horas tentando compor alguma coisa, nenhum dos dois se concentrava.

— Melhor, você tocar alguma música que já existe né?

— É. — ele riu — Mas qual?

— Clarice Falcão.

— Hum, sei quem é, mas eu só sei uma.

— Pode ser, começa aí.

" Quando eu te vi fechar a porta eu pensei em me atirar pela janela do oitavo andar

Onde a dona Maria mora

Porque ela me adora e eu sei que posso entrar.

Era bem o tempo de você chegar no T

Olhar no espelho seu cabelo

Falar com seu zé

E ver caindo em cima de você

Como uma bigorna cai em cima de cartoon

Qualquer

Eai

Só nós dois no chão frio

De conchinha bem no meio fio

Com o asfalto riscado de giz

Imagina que cena feliz.

Quando os paramédicos chegasses e os bombeiros retirassem nossos corpos do Leblon

A gente ia para o necrotério ficar brincando de sério deitadinhos no bem bom.

Cada um feito um picolé

Com a mesma etiqueta no pé.

Na autópsia daria pra ver

Como eu só morri por você.

Quando eu te vi fechar a porta eu pensei em me atirar pela janela do oitavo andar

Em vez disso eu dei meia volta e comi uma torta inteira de amora no jantar.

— Dulce María, você tem talento!

— Não tenho e mesmo se tivesse eu não quero seguir nenhuma carreira desse tipo sabe?

— Sei. O que quer fazer da vida?

— Sei lá, no momento eu ainda não sei o que fazer.

— Tem carreiras boas, medicina, essas coisas...

— Ah mesmo assim, elas não são para mim.

— Enfim, eu ainda terei tempo.

— O filme já acabou?

— Você nem viu!

— Nossa.

— Eu não entendi muito bem, mas era bonzinho.

— Aonde que a Blanca e o meu pai foram?

— Visitar nosso mais novo vizinho.

— Ah é, você tinha dito.

— Eles estão demorando.

— Deve estar tendo um jantar, lá, não sei né.


1 mês depois:

Faltavam dias apenas para meu aniversário de dezesseis anos, o que me deixava entusiasmada. Christopher já estava morando em seu próprio apartamento. Minhas férias já estavam chegando, eu estava em período de provas. Havia acabado de chegar de lá. Subi e me joguei na cama.

Minha mãe já estava com quase um mês de gestação. Passou bem rápido! Hoje a noite iria dormir na casa de Anahi e no dia seguinte, visitar Chris. Logo minha mãe entrou no quarto.

— Minha menina, que preguiça!

— Aí mãe, pior que é.

Ela se sentou em meu lado.

— Estou tão feliz, seu irmão está bem!

— E não era para ele estar?

— Lógico que era, mas podia ter alguns riscos né?!

— Riscos?

— Eu não disse Dulce?

— Disse o que?

— Eu fiz inseminação artificial.

— Sério?! — me sentei em sua frente interessada no assunto.

— Sim, quando Victor era mais novo, fez vasectomia, então esse filho é só meu, entende? Com meus genes e de um doador desconhecido.

— Eu não sabia disso, nossa.

— É, mas então, vai visitar seu irmão, amanhã?

— Óbvio mamãe.

— Hum. Dul...eu estava aqui pensando..

— O que foi?

— Ah, meu amor, dá o braço a torcer.

— Pra que mamãe?

— Você nunca mais se relacionou com ninguém! Dá uma chance para o Xavier.

— Não, mamãe, nossa! Eu já disse que não, aceita minha opinião.

— Vai morrer virgem!

— Nossa, que apoio que minha mãe me dá, aí eu apareço grávida, reclama.

— Ah minha filha, não foi isso que eu quis dizer, pelo que eu sei você não deu nem seu primeiro beijo.

— E o que que tem? — Pausei — Me dá licença mamãe, irei dormir um pouco, tchau.







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